GESTãO INTERNA
Sebrae Mato Grosso é pioneiro ao receber estagiários estrangeiros
Troca de experiências e transversalidade pautaram a iniciativa de convidar estudantes de outros países para estagiar na casa
Cuiabá/MT – Uma experiência profissional única une dois jovens de continentes distintos. A boliviana Verônica Cecília Colodro Céspedes e o português Fernando Belchior, ambos de 22 anos, estão em Mato Grosso na condição de intercambistas universitários e estagiários do Sebrae. Ela é estudante de engenharia financeira da Universidade Privada Boliviana, em La Paz, e ele, aluno do Instituto Politecnico de Bragança, onde cursa tecnologia da informação (TI). Eles são os primeiros estrangeiros a participarem de um programa de estágio inovador adotado pelo Sebrae em parceira com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), através da Associação Brasileira de Intercâ mbio Profissional e Estudantil.
Suleima Metelo Coelho, líder da Unidade Desenvolvimento de Seres Humanos (DSH) do Sebrae em Mato Grosso, destaca que o estado é pioneiro nessa iniciativa. “Somos a única empresa local a receber estudantes estrangeiros como estagiários e a ideia é ter 4 nessa função este ano”, relata, ressaltando que a intenção é causar impacto nos colaboradores e despertar neles a percepção da importâ ncia da transversalidade entre culturas diferentes e pessoas que falam outros idiomas. Ela aponta as mudanças econômicas vividas por Mato Grosso, a migração e a realização do evento esportivo de 2014, como elementos estimuladores para a iniciativa.
Para a consultora de gestão empresarial Eleonora Sampol, da Arete Consultoria, que está trabalhando na adequação do novo sistema de gestão de recursos humanos, misturar culturas e estilos trazendo estudantes de outros países é uma forma de oxigenar o trabalho e a equipe. “O que Sebrae Mato Grosso está fazendo com o jovem eu não conheço em outro lugar. é um trabalho para desenvolver o empreendedorismo, está ajudando a formar profissionais com uma visão de mundo ampliada, macro. Procura instigar, dar oportunidades e está contribuindo para a futura geração do país que irá conduzir uma economia mais sólida, mais ética e que respeita a sustentabilidade do planeta”, descreve, acrescentando que se trata de uma mudança de paradigmas da gestão. “O Sebrae está cumprindo sua função social e preenchendo lacunas do sistema formal de educação cujo modelo só instiga o jovem a responder, não o estimula a perguntar, a ser inovador, a buscar respostas para melhor se posicionar no processo produtivo da nação. Nossas escolas formam profissionais para serem empregados subservientes e não a ter uma postura empreendedora”, conclui.
Para a boliviana de La Paz Verônica Cecília Colodro Céspedes, o estágio está sendo uma oportunidade de crescer, de melhorar sua forma de ser, a organização e o trabalho em equipe. Aluna da Universidade Privada Boliviana, onde cursa engenharia financeira, um curso novo que engloba finanças, contabilidade, economia e administração, ela faz um intercâ mbio de 6 meses em Cuiabá.
Disse já ter estagiado em 3 lugares em seu país, no Banco Nacional da Bolívia (BNB), em uma companhia de seguro, e na Cooperativa de Financiamento para Micro e Pequenas Empresas. “Queria vir trabalhar no Brasil e pesquisando na Internet, gostei da área de atuação do Sebrae. Na Bolívia tem muitas instituiçÕes financeiras para pequenas empresas e esta é uma área que está crescendo muito e vejo uma oportunidade de trabalho. Com o estágio aqui, terei mais chances”, disse, acrescentando que está gostando muito das pessoas, “muito gentis”, da comida, especialmente do peixe e do feijão. Ela conta que já conhecia São Paulo, Guarujá, Bonito e Corumbá e que para fazer o estágio teve possibilidades de ir para Curitiba ou São Paulo, mas optou por Cuiabá.
No dia da entrevista, Verônica estava fazendo um levantamento de modelos de política de crédito e cobrança. Ela tem acompanhando Denise Pimpim e outros consultores em visitas a empresas para fazer diagnóstico do programa Consultoria Integrada de Gestão (CIG). O líder da unidade em que a estagiária está atuando no Sebrae, Gilson Iwasaki, destaca que a troca de experiência tem sido muito interessante e salutar e a língua não chega a atrapalhar a convivência e o trabalho.
Para Fernando Belchior, que está prestes a se formar em tecnologia da informação no Instituto Politécnico de Bragança, a língua portuguesa é “uma mais valia”. Ele já tinha estagiado na Polônia, onde precisa falar somente em inglês e mesmo assim tinha dificuldades. Ele elogia o nível do estágio que está fazendo agora. “Eu nunca tinha estagiado de forma tão profissional. O Sebrae proporciona aos jovens brasileiros uma oportunidade única de começar a vida profissional. Estou adquirindo aqui muito conhecimento do trabalho, complementando o aprendizado que tive na universidade. Em Portugal, o ensino universitário é muito teórico e estou tendo a chance de colocar em prática tudo que aprendi”, constata. Ele conta que não esperava receber o convite para estagiar no Brasil e que tomou conhecimento da vaga através de uma amiga brasileira. Para Fernando, está é uma oportunidade ímpar em sua vida profissional, especialmente diante da crise econômica na Europa que não é nada favorável aos jovens.
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